HGIS

Programa de Residência Médica – Especialidade: Neonatologia

PROGRAMA DO PRIMEIRO ANO – R3 NEONATOLOGIA 

1. METODOLOGIA DE ENSINO 

Ao longo do ano o R3 desenvolve as seguintes atividades: 

a) Sala de parto e alojamento conjunto: recepciona no mínimo 200 recém-nascidos/ano na sala de parto e acompanha diariamente, no mínimo, cinco pacientes e, no máximo, dez pacientes em alojamento conjunto. 

b) Cuidados intermediários neonatais: acompanha diariamente, no mínimo, quatro pacientes e, no máximo, oito pacientes. 

c) Cuidados intensivos neonatais: acompanha diariamente, no mínimo, dois pacientes e, no máximo, quatro pacientes. 

d) Ambulatório de recém-nascidos a termo, de risco e de muito baixo peso: atende, no mínimo, quatro e, no máximo, seis pacientes por período. 

e) Reuniões científicas: atividades semanais (6 horas/semana) incluem reuniões clínico-laboratoriais, clínico-radiológicas e anátomo-clínicas, além de sessões de perinatologia com discussões das causas de óbitos perinatais. As atividades são desenvolvidas como conferências, seminários, discussões de caso e artigos, julgamentos simulados, priorizando as metodologias ativas. Nos seminários os residentes identificam problemas, examinam os seus diversos aspectos, levantam informações pertinentes, apresentam os resultados aos demais membros do grupo, recebem comentários, críticas e sugestões dos outros residentes e do docente. As atividades didático-teóricas devem ser mantidas em registros adequados. 

 

PROGRAMA DO SEGUNDO ANO – NEONATOLOGIA (R4)

1. METODOLOGIA DE ENSINO 

Ao longo do ano o R4 desenvolve as seguintes atividades: 

a) Sala de parto de recém-nascidos de risco com transporte: recepciona recém-nascidos de risco e realiza transporte para a unidade neonatal. 

b) Cuidados intensivos neonatais: acompanha diariamente, no mínimo, dois pacientes e, no máximo, quatro pacientes, incluindo cardiopatias congênitas, pré- e pós-operatórios e procedimentos diagnósticos por imagem, atividades de supervisão e transporte intra- e extra-hospitalar. 

c) Ambulatório multidisciplinar de recém-nascidos de risco e de muito baixo peso: atende e orienta, no máximo, seis pacientes por período. 

d) Reuniões científicas: participa das atividades semanais (6 horas/semana) como descrito para o R3.

 

CONTEÚDO TEÓRICO DO PRIMEIRO E SEGUNDO ANOS (R3 e R4): 

O residente deve atualizar os conhecimentos de acordo com as melhores evidências científicas, além de desenvolver a capacidade crítica da leitura de textos e artigos científicos e aprofundar os meios para a contínua atualização médica. 

O programa deve conter conceitos elementares de epidemiologia e estatística aplicada à saúde; ética, bioética médica e ética em pesquisa; legislação sanitária, direitos e deveres do médico nos níveis administrativos e judiciais. 

O programa deve incluir, obrigatoriamente, a participação em atividades relacionadas à Estatística Vital, ao Controle de Infecção Hospitalar Neonatal e à Qualidade de Assistência Hospitalar. 

Os cursos teórico-práticos obrigatórios compreendem: reanimação neonatal (8 horas), reanimação do prematuro (7 horas), transporte do recém-nascido de alto risco (8 horas), aleitamento materno (20 horas) e atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso (40 horas). 

Os temas do programa compreendem: 

– Organização da assistência perinatal;

– Estatística vital, com declaração de nascido vivo, declaração de óbito, SINASC -Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos, SIM – Sistema de Informação sobre Mortalidade;

– Humanização do cuidado intensivo neonatal: medidas de conforto do recém-nascido doente, estímulo à formação do vínculo mãe-filho, cuidado paliativo em neonatologia; 

– Aspectos bioéticos em neonatologia;

– Temas de obstetrícia: gravidez na adolescência, prematuridade, retardo de crescimento intra-uterino, gemelaridade, síndromes hipertensivas na gravidez, diabetes na gestação, isoimunização Rh, infecções, rotura prematura das membranas, sofrimento fetal, traumas de parto e outros temas de medicina fetal;

– Classificação e avaliação do recém-nascido de risco, escores de gravidade;

– Aspectos especiais do recém-nascido como termorregulação, balanço hidro-eletrolítico, monitorização, dor e síndrome de abstinência;

– Abordagem nutricional: aleitamento materno, nutrição enteral e parenteral;

– Doenças do período neonatal: incidência, etiologia, fisiopatologia, diagnóstico, tratamento, prognóstico e prevenção;

– Medicamentos na gestação, parto, lactação e no período neonatal;

– Detecção precoce de doenças: fenilcetonúria, hipotireoidismo, hemoglobinopatia, fibrose cística, deficiência auditiva e retinopatia da prematuridade;

– Avaliação do risco pré-operatório e complicações pós-operatórias: hérnia diafragmática, ligadura do canal arterial, fechamento de defeitos de parede abdominal, obstrução intestinal, enterocolite necrosante, malformações do trato gastrintestinal, hidrocefalia, meningomielocele, outras cirurgias do sistema nervoso central, cirurgias definitivas ou paliativas para correção de defeitos cardíacos;

– Transporte neonatal para procedimento diagnóstico ou terapêutico;

– Crescimento e desenvolvimento do recém-nascido de risco e de muito baixo peso, com asfixia, displasia broncopulmonar, hemorragia intra-periventricular.

 

 

O programa relativo à abordagem preventiva e/ou terapêutica das doenças mais frequentes no período neonatal inclui: 

– Asfixia perinatal, dilemas éticos na reanimação, traumas de parto;

– Sistema respiratório: síndrome do desconforto respiratório, síndrome do pulmão úmido, síndrome de aspiração de mecônio, hipertensão pulmonar persistente neonatal, apnéia da prematuridade e displasia broncopulmonar; reposição de surfactante pulmonar, CPAP nasal, ventilação mecânica manual, ventilação mecânica convencional, sincronizada e de alta freqüência, uso de óxido nítrico, monitorização da função pulmonar;

– Sistema cardiovascular: persistência do canal arterial, arritmia cardíaca e cardiopatias congênitas, choque, monitorização hemodinâmica, suporte vasopressor, pré- e pós-operatório de cirurgia cardíaca;

– Distúrbios metabólicos da glicose, cálcio, magnésio, doença metabólica óssea e erros inatos do metabolismo;

– Distúrbios do equilíbrio ácido-básico e hidroeletrolíticos;

– Problemas hematológicos: anemia do prematuro, policitemia, doenças hemolíticas, hemoglobinopatias, doenças hemorrágicas, coagulação intravascular disseminada, uso de hemoderivados;

– Hiperbilirrubinemia do recém-nascido a termo e pré-termo, fototerapia e ex-sanguíneo transfusão;

– Problemas renais: insuficiência renal aguda, hipertensão arterial e nefropatias e uropatias congênitas, terapia dialítica;

– Problemas do trato gastrintestinal: distúrbios da sucção e deglutição, refluxo gastroesofágico, enterocolite necrosante, malformações do trato gastrintestinal, pré- e pós-operatório de cirurgia abdominal;

– Infecções congênitas: síndrome da imunodeficiência adquirida, sífilis, toxoplasmose, citomegalovirose, hepatites, rubéola e herpes;

– Infecções de origem materna e ambiental: sepse, insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas, meningite, pneumonia, diarréia, conjuntivite, onfalite, osteomielite, artrite, infecção do trato urinário, infecções fúngicas e virais, antibioticoterapia, medidas de controle de infecção hospitalar;

– Distúrbios neurológicos: encefalopatia hipóxico-isquêmica, hemorragia intra-periventricular, convulsão, hidrocefalia, malformações e infecções do sistema nervoso central, avaliação e tratamento da dor, pré- e pós-operatório de neurocirurgia, hipotermia terapêutica;

– Síndromes genéticas;

– Afecções oftalmológicas: catarata congênita, retinoblastoma, coriorretinite e retinopatia da prematuridade;

– Deficiência auditiva.

 

 

HABILIDADES ADQUIRIDAS NO PRIMEIRO E SEGUNDO ANOS (R3 e R4):

ÁREA COGNITIVA 

– Interpretar e discutir os dados de morbimortalidade perinatal;

– Diferenciar os recém-nascidos de alto e médio risco;

– Realizar monitorização dos sinais vitais;

– Conhecer a etiologia, fisiopatologia e o diagnóstico das doenças neonatais;

– Interpretar exames subsidiários laboratoriais, gráficos e de imagem;

– Tratar e prevenir as doenças prevalentes no período neonatal;

– Prescrever nutrição enteral e parenteral;

– Conhecer a morbidade associada ao transporte neonatal;

– Avaliar o risco pré-operatório e as complicações pós-operatórias;

– Formular o prognóstico neonatal e pós-neonatal;

– Acompanhar o desenvolvimento de neonatos de risco, incluindo os de muito baixo peso;

– Orientar os pais quanto aos cuidados com o recém-nascido;

– Avaliar e orientar a alta hospitalar do recém-nascido;

– Favorecer o vínculo mãe-filho e a humanização ao atendimento perinatal;

– Organizar a assistência perinatal.

 

 

ÁREA AFETIVA 

– Reconhecer a importância de assistir globalmente o recém-nascido e sua família;

– Sensibilizar a família da importância e manutenção do aleitamento materno;

– Sensibilizar-se ante à separação mãe-filho nas internações;

– Reconhecer os aspectos bioéticos que envolvem o paciente de extremo baixo peso, a presença de doença grave e/ou de anomalia congênita e a morte no período perinatal;

– Reconhecer a importância do trabalho em equipe e multiprofissional;

– Adquirir e/ou desenvolver o espírito científico e buscar atualização. 

 

 

ÁREA PSICOMOTORA 

– Examinar o recém-nascido;

– Iniciar o atendimento imediato incluindo procedimentos de reanimação;

– Realizar monitorização da temperatura, cardiorrespiratória e hemodinâmica;

– Manusear incubadora, berço aquecido, monitor cardíaco e de pressão, oxímetro e capnógrafo, bombas de infusão, bilirrubinômetro, aparelhos de fototerapia e ventiladores;

– Realizar sondagem naso-orogástrica, intubação traqueal, ventilação manual e mecânica, cateterismo umbilical arterial e venoso, administração de surfactante, medida de pressão arterial invasiva e não invasiva;

– Realizar punção capilar, arterial, venosa, lombar, abdominal e vesical;

– Realizar acesso vascular central por punção percutânea, drenagem torácica e exsanguíneo-transfusão;

– Colher exames laboratoriais;

– Seguir técnicas para antissepsia pessoal, de equipamentos e ambiental;

– Transportar recém-nascidos criticamente doentes.