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Médicos divulgam pesquisa em revista britânica

Um estudo realizado no HGIS e liderado pelos ginecologistas Dr.ª Raquel Ferreira, Dr. Rômulo Negrini e a médica residente Dr.ª Renata Albino, CRM 185162/SP, ganhou espaço na revista britânica BMJ Open Quality (Reducing caesarean rates in a public maternity hospital by implementing a plan of action: a quality improvement report). A pesquisa analisou dados de todos os partos feitos entre junho de 2013 e junho de 2018 e o resultado da aplicação de ação para reduzir o número de cesarianas no hospital.

“Publicar na BMJ veio da vontade de divulgar esse projeto para outras instituições do Brasil e do mundo. Ações como essa, que visam a redução dessas taxas assustadoras de parto cesáreo – principalmente no Brasil que é um dos líderes desse ranking – fornecem um caminho à comunidade científica para revisão das práticas atuais e melhoria na assistência obstétrica mundial”, explica a Dr.ª Raquel Ferreira – CRM 164093/SP.

Segundos especialistas, uma cesariana desnecessária mais que triplica o risco de óbito materno. Esse tipo de parto pode causar sofrimento fetal e também pode aumentar a possibilidade do recém-nascido ser internado na UTI Neonatal. Ainda assim, cresceu o número de partos cesáreos no Brasil: passou de 40% para 55% entre 1996 e 2011. Essa taxa é ainda maior se considerar apenas hospitais privados, excedendo os 80%.

“Tal realidade preocupa ainda mais em um país como nosso, que apresenta uma taxa de morte materna de quase 60 por 100 mil nascidos vivos. Existem outros benefícios relacionados ao parto normal que não os relacionados ao óbito materno e podemos citar alguns: aumento do vínculo mãe-bebê, maiores taxas de amamentação, menor risco de desconforto respiratório do recém-nascido com consequentes menores taxas de internação em UTI neonatal, menor dor pós-operatória, recuperação mais rápida, etc. Isso sem citar os menores custos de internação e menor média de permanência”, aponta o Dr. Rômulo Negrini, CRM 113055/SP.

O HGIS tem uma média de 200 nascimentos por mês, sendo um hospital de referência para gestantes de alto risco da região e é reconhecido pelas melhores práticas na assistência materno-infantil, com diversas premiações e certificações.

No plano de melhoria proposto, uma das primeiras ações foi capacitar a equipe assistencial em métodos de analgesia para partos normais com menos dor. Essa possibilidade passou a ser divulgada também às pacientes desde o momento da admissão hospitalar. A equipe de enfermagem recebeu treinamentos sobre posições que favorecem a rotação e descida fetais, bem como o incentivo de gestantes em trabalho de parto. Desde então, toda a equipe faz um curso de reciclagem anual, para melhorar técnicas e atualizar conhecimentos. Os resultados são monitorados estrategicamente por indicadores específicos com visão contínua das estratégias.

“A taxa de cesariana ideal preconizada pela OMS é de 10% a 15%. O Brasil, com seus 55%, está muito longe de atingi-lo. Mais que um número matematicamente preciso de valor ideal de parto normal, urge a mudança da realidade em que vivemos e, para isso, a conscientização de cada cidadão é dever cívico dos profissionais de saúde”, ressalta Negrini. Em 2019, o HGIS fechou o ano com a taxa de cesárea em 25%.

A residente médica Dr.ª Renata Albino foi convidada pelo coordenador do programa de residência em Ginecologia e Obstetrícia para participar da pesquisa. Ela afirma que após o estudo sua visão sobre o assunto mudou. “Quando acompanhamos mais de perto o processo, temos a oportunidade de enxergar alguns pontos dos quais poderíamos buscar um melhoramento profissional. Hoje tenho uma maior conscientização da necessidade do acolhimento à gestante em trabalho de parto e desse atendimento mais humanizado”, afirma.