Enfermagem comemora 200 anos de Florence Nightingale

Se hoje em dia os hospitais são reconhecidos como locais seguros para o tratamento de enfermos, muito disso se deve a Florence Nightingale. Há dois séculos, o risco de infecção era tão alto que os ricos preferiam tratar-se em casa e somente pobres eram internados.

“Antes vista como caridade, Florence mudou a cara da enfermagem. Durante a guerra da Criméia, ela percebeu que os pacientes estavam morrendo por infecção cruzada. Para acabar com isso, institui o protocolo de lavagens das mãos e, com isso, veio então o profissionalismo da classe”, explica a enfermeira Ana Paula Dias, do Bloco IV.

Tal percepção partiu de um estudo estatístico feito pela própria Florence, relacionando a alta mortalidade dos soldados com as péssimas condições de saneamento. Sua atuação na guerra foi reconhecida e ela recebeu uma importante condecoração da rainha Vitória, da Inglaterra.

“A importância de lavar as mãos, algo frequentemente citado hoje nesse cenário de pandemia, é algo que vem desde a Florence. Ela já teve essa noção lá atrás e é importante toda a população esteja percebendo isso também”, aponta a enfermeira Bianca Marques, da Pediatria. “Ela também viu o quanto é importante ter um ambiente solar no hospital, com o ar circulando. Isso é algo que é aplicado até hoje”, acrescenta.

Alguns anos após voltar da guerra, Florence criou a primeira escola de enfermagem desvinculada da igreja, no Hospital St. Thomas, em Londres. Ela também reuniu toda suas experiências e observações no livro “Notas sobre enfermagem: o que é e o que não é”, lançado em 1859.

* Foto de capa: Florence Nightingale, an angel of mercy. Scutari hospital (1855)

Florence Nightingale, a influenciadora de uma geração

Há exatos dois séculos nascia Florence Nightingale, considerada a “mãe” da enfermagem moderna. Na época em que viveu, ficou conhecida como “A Dama da Lâmpada”, pois percorria as enfermarias com uma lanterna na mão.

Nightingale nasceu em Florença, na Itália, mas era filha de ingleses. O desejo de cuidar dos enfermos despertou após uma viagem ao Egito. Contudo, por pertencer a uma família milionária e de costumes tradicionais, esperava-se que ela se casasse e tivesse filhos. Seus pais não viam com bons olhos essa escolha: até então, o papel da enfermeira era exercido por mulheres que estavam ajudando em outras tarefas no hospital e consideradas de categoria inferior.

Sua contribuição mais famosa foi durante a Guerra da Crimeia, no sul da Rússia, quando ela partiu com uma equipe de 38 enfermeiras voluntárias – treinadas por ela mesma – para ajudar a tratar os feridos. Voltou reconhecida como heroína nacional.

Mais perto do fim, se tornou a primeira mulher a receber a Ordem do Mérito, condecoração concedida para pessoas que prestaram serviços extraordinários. Morreu em agosto de 1910.

O impacto de seu trabalho ao longo da vida é de extrema importância, no mundo todo. Na próxima semana falaremos sobre a influência de Florence Nightingale na saúde atual.